As Senhoras Donas
Thread poster: Maria Teresa Borges de Almeida
Maria Teresa Borges de Almeida
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Jul 20, 2023

Constato há alguns anos o desaparecimento da “Senhora Dona” que foi substituído pelo simples “Senhora”. Ora eu fico toda arrepiadinha quando alguém se me dirige como “Senhora Teresa”. Por amor de Deus, então prefiro que me tratem pelo primeiro nome sem o “senhora” (lembro-me logo do ministro que era Álvaro, só, sem doutor).

Sobre o assunto encontrei na Net um artigo da Alice Vieira, que reproduzo com a devida vénia:

“CADA PAÍS (CADA LÍNGUA, C
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Constato há alguns anos o desaparecimento da “Senhora Dona” que foi substituído pelo simples “Senhora”. Ora eu fico toda arrepiadinha quando alguém se me dirige como “Senhora Teresa”. Por amor de Deus, então prefiro que me tratem pelo primeiro nome sem o “senhora” (lembro-me logo do ministro que era Álvaro, só, sem doutor).

Sobre o assunto encontrei na Net um artigo da Alice Vieira, que reproduzo com a devida vénia:

“CADA PAÍS (CADA LÍNGUA, CADA CULTURA) tem a sua maneira específica de se dirigir às pessoas. Mal passamos Vilar Formoso, logo toda a gente se trata por tu, que os espanhóis não são de etiquetas nem de salamaleques.

Mas nós não somos espanhóis.

Também não somos mexicanos, que se tratam por “Licenciado” Fulano.

Nem alinhamos com os brasileiros, para quem toda a gente é “Doutor”, seguido do nome próprio: Doutor Pedro, Doutor António, Doutor Wanderlei, etc.

Por cá, Doutor é seguido de apelido, e as mulheres, depois de passarem por aqueles brevíssimos segundos em que são tratadas por “Menina”, passam de imediato - sejam casadas, solteiras, viúvas ou amigadas, sejam velhas ou novas, gordas ou magras, feias ou bonitas, ricas ou pobres – à categoria de “Senhora Dona”.

Mas parece que uns estranhos ventos sopraram pelas cabeças das gerações mais novas que fizeram o “dona” ir pelos ares ou ficar no tinteiro.

Quando recebo daqueles telefonemas que me querem impingir tudo o que se inventou à face da terra - desde “produtos” bancários que me garantem vida farta, até prémios que supostamente ganhei por coisas a que nunca concorri — sou logo tratada por “Senhora Alice.” Respondo sempre: “trate-me por tu, se quiser; ou só pelo meu nome, se lhe apetecer; mas nunca por Senhora Alice”.

(...)

Isto será porventura uma questão de idade (eu sou da mesma geração da Alice Vieira), porque a verdade é que as minhas filhas não se arrepiam com o “senhora”…

O que as colegas (novas e menos novas) pensam?
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Teresa Jul 20, 2023

Pela experiência que tenho tido, o uso de "Senhora Sandra", como acontece com alguma frequência, só o ouço da comunidade brasileira que está em Portugal, não sei se é por uma questão de "mais respeito" ou de uso comum no Brasil.
Da mesma forma que a Teresa e, pertenço a outra geração, não gosto de ouvir isso. Se eu tenho um nome próprio e a pessoa do outro lado o conhece, que me tratem pelo meu nome apenas, sem "epítetos".
"Senhora dona" ou "dona", também não é muito
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Pela experiência que tenho tido, o uso de "Senhora Sandra", como acontece com alguma frequência, só o ouço da comunidade brasileira que está em Portugal, não sei se é por uma questão de "mais respeito" ou de uso comum no Brasil.
Da mesma forma que a Teresa e, pertenço a outra geração, não gosto de ouvir isso. Se eu tenho um nome próprio e a pessoa do outro lado o conhece, que me tratem pelo meu nome apenas, sem "epítetos".
"Senhora dona" ou "dona", também não é muito do meu agrado, embora eu já não seja nenhuma "novidade" e "Dra." também não, porque não nasci com esse título.
Portanto, resumindo, Sandra ou Sandra Flor, ou mesmo Flor como algumas pessoas me chamam, para mim é suficiente e denota, da mesma forma, respeito.
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Sandra Rodrigues
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Esqueci um aspeto importante... Jul 20, 2023

Além de não me agradar essa forma de tratamento, o que me "arrepia" não é o facto de ser usado por brasileiros, o pior é quando isso "pega moda" e ouvimos portugueses a usar o mesmo...
Lembrei-me que há bem pouco tempo ouvi de um português, por telefone, para responder a um estudo de mercado.

[Edited at 2023-07-20 12:55 GMT]


 
Carla Guerreiro
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Dona Jul 20, 2023

Boa tarde a todos,

Pela parte que me toca, prefiro o "Dona", pois "Senhora Dona" pareceu-me sempre excessivamente formal. Por isso, prefiro que me chamem "Dona Carla" a "Senhora Carla" (tem piada, pois há uma marca de vinho portuguesa que se chama "Dona Carla" ).

Para dizer a verdade, o que me chateia mesmo é ver clientes diretos (cá em França) que me tratam simplesmente por "Carla", como se me conh
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Boa tarde a todos,

Pela parte que me toca, prefiro o "Dona", pois "Senhora Dona" pareceu-me sempre excessivamente formal. Por isso, prefiro que me chamem "Dona Carla" a "Senhora Carla" (tem piada, pois há uma marca de vinho portuguesa que se chama "Dona Carla" ).

Para dizer a verdade, o que me chateia mesmo é ver clientes diretos (cá em França) que me tratam simplesmente por "Carla", como se me conhecessem de algum lado. Se forem colegas, isso não me chateia nada e muitas vezes tratamo-nos por tu. E também não me chateia nada quando se trata de clientes de longa data. Dá a impressão de que existe cá em França uma certa "americanização" de alguns usos e costumes que me irrita solenemente.

Pois é, sou um tanto ou quanto antiquada em relação a certas coisas. Estou a ficar velha...
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Inga Petkelyte
 
Ivana de Sousa Santos
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Senhora Dona Jul 20, 2023

A minha mãe educou-me a tratar por "senhora dona" que assim é que é o preceito, mas abrevio sempre para o "dona": "Dona X, a senhora isto ou aquilo". A minha mãe continua a tratar as pessoas por "senhora dona" (e nunca "xô dona" ).

Já a mim, gosto que me tratem por Ivana e quando dizem "a senhora" respondo sempre amistosamente que "a Senhora está no Céu".

Comecei a trabalhar como professora quan
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A minha mãe educou-me a tratar por "senhora dona" que assim é que é o preceito, mas abrevio sempre para o "dona": "Dona X, a senhora isto ou aquilo". A minha mãe continua a tratar as pessoas por "senhora dona" (e nunca "xô dona" ).

Já a mim, gosto que me tratem por Ivana e quando dizem "a senhora" respondo sempre amistosamente que "a Senhora está no Céu".

Comecei a trabalhar como professora quando tinha 26 anos e chocou-me imensos os miúdos do colégio tratarem-me por "tu". Hoje em dia não dou aulas, mas incentivo os miúdos que vou conhecendo a tratarem-me por tu. Não sou dada a formalismos para comigo, apesar de manter com as pessoas mais velhas.
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Paulo Melo
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Sobre o uso de "Doutor" Jul 20, 2023

Isso de tratar a toda a gente por "Doutor" não é comum mais e não é tão simples: tradicionalmente é uma forma de, como se diz em inglês, 'ingratiation' de pessoas de status social inferior (mais pobres, menos escolarizadas) para com aqueles que são percebidos como seus superiores. Hoje em dia não é bem-visto e pode soar sarcástico. Doutor, afinal, é quem tem doutorado.

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Nem dona, nem senhora, nem senhora dona, nem tu e muito menos você Jul 20, 2023

Basta o nome quando é conhecido e quando não o é, o verbo já nos diz tudo, é uma maneira simples, formal e educada de nos dirgirmos a uma pessoa.
Exemplos: "Pode dizer-me as horas, p.f.?"; "Como é que conseguiu fazer isso?"; "Diga-me, então o seu irmão é médico?"; etc...
Não é necessário, no português europeu, empregar esses títulos e/ou esses pronomes. É suficente com o verbo flexionado - uma das heranças do latim de que gosto!


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Paulo Melo
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senhora Jul 20, 2023

No Brasil, por motivos que não vou tentar explicar, não há distinção de formalidade entre tu e você - talvez no Sul - por isso senhora ou senhor é considerado educado, especialmente para dirigir-se aos idosos (e.g. A senhora pode me dizer as horas?) ou em situações muito formais ou solenes (não somos bons nisso), mas aqui também nenhuma mulher gosta de ser tratada por senhora.

Carla Guerreiro
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Por aqui, analisando dessa forma... Jul 20, 2023

Paulo Melo wrote:

No Brasil, por motivos que não vou tentar explicar, não há distinção de formalidade entre tu e você - talvez no Sul - por isso senhora ou senhor é considerado educado, especialmente para dirigir-se aos idosos (e.g. A senhora pode me dizer as horas?) ou em situações muito formais ou solenes (não somos bons nisso), mas aqui também nenhuma mulher gosta de ser tratada por senhora.


No tratamento com pessoas de idade (mais avançada) também nos dirigimos utilizando "senhora" ou "dona" e/ou por vezes os dois tratamentos juntos ("senhora dona") como refere o título da publicação da Teresa.
O "você" é caso muito específico da minha terra (quando digo terra, estou a falar, obviamente, da cidade onde nasci) e tem pano para mangas.
Em relação ao "tu" também depende muito das circunstâncias e não sou tão vidrinho de cheiro... acho que já fui mais... é a idade


Paulo Melo
 
Maria Teresa Borges de Almeida
Maria Teresa Borges de Almeida  Identity Verified
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A língua e os usos e costumes Jul 21, 2023

Quando eu estava no colégio interno (Ramalhão) era moda na altura tratarmo-nos na terceira pessoa e por a menina (onde a menina vai este fim de semana? A menina já estudou tudo?). Visto aos olhos de hoje parece coisa do séc. XIX e quase romance de Eça, é verdade que já foi há muitos anos, mas juro que estamos a falar de meados do século XX…

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"Menina" Jul 21, 2023

Maria Teresa Borges de Almeida wrote:

Quando eu estava no colégio interno (Ramalhão) era moda na altura tratarmo-nos na terceira pessoa e por a menina (onde a menina vai este fim de semana? A menina já estudou tudo?). Visto aos olhos de hoje parece coisa do séc. XIX e quase romance de Eça, é verdade que já foi há muitos anos, mas juro que estamos a falar de meados do século XX…


Não é coisa de séculos passados. No norte, ainda conservamos a "menina". Muito comum por aqui.


 


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